
O café tem desempenhado um papel importante na vida social e cultural da Europa há séculos. Desde as primeiras casas de café no século XVII até as cafeterias modernas, a bebida tem sido um ponto de encontro, debate e inovação. No entanto, foi o café expresso que, no século XX, revolucionou a experiência de tomar café e moldou a cultura cafeeira europeia.
A palavra original em italiano, espresso, refere-se tanto ao método de preparo quanto à ideia de algo feito rapidamente, sob pressão. No Brasil, a tradução adotada foi “expresso”, mantendo a referência à velocidade da extração da bebida. Apesar de “espresso” ser amplamente utilizado internacionalmente, “expresso” está correto dentro da norma culta do português.
Com sua preparação rápida e sabor intenso, o expresso tornou-se a base de inúmeras variações, como cappuccino, macchiato e café latte. Além disso, passou a ser associado a um estilo de vida dinâmico, refletindo a modernidade e a sofisticação urbana.
Cafeterias icônicas em cidades como Milão, Paris e Viena tornaram-se espaços onde artistas, escritores e intelectuais se reuniam para discutir ideias e criar movimentos culturais.
O Surgimento do Café Expresso
O café expresso surgiu na Itália, no final do século XIX. A necessidade de um preparo mais rápido do café levou ao desenvolvimento de um método que emprega pressão para impulsionar a água pelo café moído, resultando em uma bebida encorpada e saborosa.
Em 1884, o italiano Angelo Moriondo patenteou um modelo inicial de máquina de café, mas foi Luigi Bezzera, em 1901, quem aprimorou o design, tornando o preparo mais rápido. O expresso só atingiu sua forma moderna na década de 1940, quando Achille Gaggia introduziu máquinas com alta pressão, criando a crema característica da bebida.
O termo “expresso” refere-se à extração sob pressão e ao preparo individualizado, o que ressoava com o ritmo acelerado das cidades europeias do século XX. A bebida tornou-se sinônimo de rapidez e conveniência, sem abrir mão da qualidade e do requinte, diferenciando-se de métodos tradicionais que exigiam mais tempo.
Com o avanço da tecnologia, novas máquinas foram desenvolvidas, tornando o preparo ainda mais eficiente. Ao longo do século, o café expresso consolidou-se como a base de diversas variações, conquistando várias partes mundo e redefinindo o modo como o café é consumido.
O Expresso como Motor de Inovação nas Cafeterias
Com a criação de máquinas de café cada vez mais sofisticadas e eficientes, as cafeterias europeias começaram a adotar essa nova forma de preparo, que rapidamente se tornou popular. Nos anos 1920 e 1930, especialmente em cidades italianas como Milão, Roma e Nápoles, o expresso ganhou destaque e começou a transformar a experiência do café.
A evolução das máquinas de expresso trouxe melhorias significativas nos anos 1940, permitindo a extração sob maior pressão e resultando em um café mais encorpado, com a crema característica. Isso impulsionou novas formas de consumo, como o “caffè macchiato” (expresso com um toque de leite) e o “cappuccino”, que misturava café e leite vaporizado de maneira equilibrada.
Essas inovações ajudaram a consolidar um verdadeiro ritual em torno do café. A pausa para um expresso, muitas vezes consumido rapidamente em pé no balcão, tornou-se parte essencial do cotidiano de trabalhadores, estudantes e intelectuais. Mais do que uma simples bebida, o café passou a representar uma experiência de sabor, conveniência e interação social.
O Café Expresso e a Cultura do Café em Diferentes Países
Itália: O Berço do Expresso
Na Itália, o café expresso vai além de uma simples bebida; representa identidade nacional, tradição e cultura. “Tomar um café” no país muitas vezes significa tomar um expresso, e essa prática é um ritual diário para milhões de italianos.
Em cidades como Roma, Nápoles e Milão, as cafeterias, conhecidas como “bar”, funcionam como pontos de encontro sociais, onde amigos, colegas de trabalho e até desconhecidos compartilham momentos rápidos de conversa enquanto tomam sua dose concentrada de café.
A preparação do expresso na Itália geralmente é uma arte refinada. A bebida muitas vezes é servida em pequenas xícaras, mas seu sabor geralmente é intenso, fruto da moagem precisa, da torra específica e da extração sob alta pressão.
O ambiente de muitos bares italianos também contribui para a experiência: balcões de mármore, baristas habilidosos e clientes fiéis fazem parte do charme inconfundível do café expresso no país.
Além disso, o expresso, na maioria das vezes, é consumido de maneira rápida, geralmente em pé no balcão, pois a maioria dos italianos não têm o hábito de permanecer longos períodos na cafeteria.
Há também regras culturais informais, como evitar pedir cappuccino depois das 11h da manhã, pois esse tipo de café é considerado uma bebida matinal. Essa forte ligação dos italianos com o café reflete sua importância na vida cotidiana e na cultura do país.

França: O Expresso e os Cafés Literários
Na França, o café expresso tornou-se parte do charme dos famosos cafés parisienses, como o Café de Flore e Les Deux Magots. No entanto, ao contrário da Itália, onde geralmente o expresso é consumido rapidamente, os franceses costumam apreciá-lo em um ritmo mais desacelerado, acompanhando longas conversas e momentos de leitura.
Durante o século XIX e início do século XX, escritores, intelectuais e filósofos como Ernest Hemingway e Jean-Paul Sartre frequentavam esses cafés, se reunindo para conversar sobre arte, literatura, entre outras coisas. Naquela época, o café filtrado e outras variações eram mais comuns, mas ao longo do século XX, o expresso ganhou espaço e se tornou a escolha principal dos frequentadores.
A cultura do café na França está ligada à sofisticação e ao estilo. Nos cafés parisienses, é comum ver clientes desfrutando de um expresso acompanhado de um croissant, um pain au chocolat ou até uma pequena sobremesa.
Espanha: O Café Expresso e a Vida Social
Na Espanha, o café expresso geralmente é parte essencial da vida cotidiana e do convívio social. Diferentemente de outros países, onde o café pode estar mais ligado ao trabalho ou à pressa do dia a dia, na Espanha ele está associado ao lazer e às interações sociais.
Nas cafeterias espanholas, chamadas de “cafeterías” ou “bares de café”, o expresso, conhecido localmente como “café solo”, é consumido a qualquer hora do dia, seja no café da manhã, após o almoço ou no início da noite. No entanto, uma das versões mais populares da bebida é o “cortado”, um expresso servido com uma pequena quantidade de leite, equilibrando sabor e intensidade.
O café na Espanha também está ligado à gastronomia. Muitas vezes, o expresso vem acompanhado de doces tradicionais, como churros com chocolate, ou de tapas salgadas, especialmente quando consumido após as refeições.
Alemanha e Áustria: A Tradição do Café Expresso nos Salões de Café
Na Alemanha e na Áustria, o café expresso encontrou um lugar especial nos icônicos salões de café (Kaffeehäuser), que fazem parte da cultura local há séculos. No entanto, historicamente, a preferência sempre foi por cafés filtrados e variações sofisticadas, como o “Wiener Melange”, que lembra um cappuccino, e o “Einspänner”, um café servido com chantilly.
Ao longo do século XX, o expresso ganhou popularidade, especialmente nos centros urbanos como Viena, Berlim e Munique. Embora o café filtrado ainda seja amplamente consumido, muitas cafeterias modernas passaram a oferecer o expresso como uma opção sofisticada e prática.
Nos Kaffeehäuser austríacos, por exemplo, é comum que a bebida seja servida acompanhada de um copo de água com gás, um costume que tem origem na tradição vienense de purificar o paladar entre goles.
O ambiente desses cafés geralmente é caracterizado por sofisticação e conforto. Frequentados por intelectuais, artistas e escritores, os salões de café se tornaram locais para longas conversas e momentos de contemplação.
O café expresso, quando consumido nesses espaços, é principalmente apreciado de maneira mais pausada, muitas vezes acompanhado de uma sobremesa tradicional, como o famoso Apfelstrudel na Áustria ou a Sachertorte, um bolo de chocolate típico de Viena.
O Café Expresso e a Modernização das Cafeterias

Com o crescimento das máquinas de café expresso, especialmente após a invenção da máquina de alta pressão por Achille Gaggia em 1938, a maior parte das cafeterias europeias passou por um processo de modernização ao longo do século XX.
O design de grande parte dessas cafeterias mudou, com máquinas de expresso ocupando um lugar central, e muitos baristas se tornaram profissionais altamente qualificados, reconhecidos pela sua habilidade em operar essas máquinas e servir um café perfeito.
Além da inovação tecnológica, fatores como a urbanização e a popularização do consumo de café em ambientes sociais também contribuíram para essa transformação.
As cafeterias italianas, em particular, influenciaram o design e a cultura de cafeterias em toda a Europa, promovendo espaços que equilibravam aconchego e eficiência. Esse novo modelo se espalhou pela França, Espanha, Alemanha e outros países, moldando o que hoje conhecemos como a cultura moderna do café.
No entanto, é importante notar que algumas tradições locais se mantiveram: na França, por exemplo, os cafés continuaram a servir uma grande variedade de preparos, enquanto na Áustria, os clássicos cafés vienenses permaneceram populares.
O expresso, com seu sabor forte e concentrado, também ajudou a criar uma nova linguagem em torno do café. Termos como ristretto (expresso ainda mais concentrado) e lungo (expresso mais diluído) foram adotados pelos consumidores, que passaram a exigir mais variedade e personalização na forma como o café era servido.
Além disso, o conceito de “barista” começou a ganhar destaque, tornando-se uma profissão respeitada e essencial no cenário das cafeterias especializadas.
O Papel do Turismo na Popularização do Café Expresso
Durante o século XX, o crescimento do turismo foi um dos principais responsáveis pela disseminação do café expresso em diversas partes da Europa. Com o aumento das viagens internacionais e a ascensão da classe média, cidades como Paris, Roma, Viena e Madri começaram a receber um fluxo crescente de visitantes em busca de experiências autênticas.
Uma das formas de vivenciar a cultura local era frequentando as cafeterias, onde os turistas podiam provar a bebida que fazia parte do cotidiano de muitos moradores.
Muitos estrangeiros, especialmente vindos dos Estados Unidos e do Reino Unido, estavam acostumados a métodos de preparo diferentes, como o café filtrado ou o café instantâneo. Ao visitarem as cafeterias europeias, eles eram apresentados ao expresso e logo passaram a apreciá-lo por seu sabor intenso e pela rapidez no preparo.
Esse contato direto ajudou a difundir a cultura do expresso para além das fronteiras italianas, influenciando gradualmente os hábitos de consumo em diferentes partes do mundo.
O Expresso e a Vida Urbana no Século XX
Com a urbanização acelerada e a expansão dos centros financeiros e comerciais, o café expresso tornou-se um elemento importante no cotidiano das grandes cidades europeias.
Nas décadas de 1950 e 1960, a ascensão dos escritórios e do trabalho corporativo impulsionou mudanças nos hábitos de consumo de café. Trabalhadores e empresários passaram a buscar pausas rápidas para recarregar as energias, e o expresso encaixou-se perfeitamente nessa rotina devido ao seu preparo veloz e à alta concentração de cafeína.
Cafeterias começaram a se posicionar estrategicamente em áreas movimentadas, como distritos financeiros e centros comerciais, tornando-se locais de encontro tanto para reuniões informais quanto para momentos de descanso.

O conceito de “tomar um café no balcão” ganhou força, permitindo que clientes pedissem um expresso, o consumissem em poucos minutos e seguissem com suas atividades sem perder tempo.
Além dos trabalhadores, muitos estudantes universitários e intelectuais também adotaram o café expresso como parte de sua rotina. Universidades, livrarias e espaços culturais passaram a abrigar cafeterias onde jovens acadêmicos podiam discutir ideias enquanto apreciavam uma xícara de café. Assim, o expresso deixou de ser apenas uma bebida e tornou-se um símbolo de um estilo de vida dinâmico, produtivo e intelectual.
A combinação entre turismo e urbanização ajudou a transformar o expresso em um dos ícones da cultura europeia do século XX. Seja em uma pausa entre reuniões ou durante uma viagem por cidades históricas, o café expresso consolidou-se como um elemento importante do dia a dia, representando tanto tradição quanto modernidade.
O Início das Grandes Cadeias de Café
No final do século XX, a popularidade do café expresso ultrapassou os limites da Europa. Grandes cadeias de café, como a Starbucks, levaram a cultura do expresso para os Estados Unidos e outras partes do mundo. Embora essas redes tenham adaptado a bebida aos gostos locais, sua essência e importância como parte da experiência social e cultural permaneceram inalteradas.
Essas cadeias popularizaram o conceito de café “to-go” (para levar), que contrastava com a tradição europeia de saborear o expresso no balcão ou à mesa. No entanto, a globalização do consumo do expresso também impulsionou uma nova valorização da bebida em sua forma mais tradicional.
O movimento da chamada “terceira onda do café” trouxe um renascimento da qualidade artesanal, promovendo a valorização dos grãos, métodos de preparo refinados e a atenção aos detalhes na experiência sensorial.
Dessa forma, houve um equilíbrio entre a massificação das redes internacionais e a busca por autenticidade. Enquanto grandes cadeias tornaram o expresso acessível em muitas partes do mundo, cafeterias especializadas surgiram como refúgios para os apreciadores exigentes, resgatando a sofisticação e a tradição do café.
Legado
Originado na Itália, o café expresso cresceu ao longo do século XX para se tornar um ícone da cultura cafeeira europeia. Mais do que uma forma de consumo, a bebida redefiniu a experiência de muitas cafeterias, transformando-as em espaços de convivência e troca de ideias.
Atualmente, o expresso permanece um elemento importante da vida cotidiana de muitos europeus. Seja no rápido café da manhã italiano, no ambiente descontraído de cafeterias parisienses ou na sofisticação de Kaffeehäusers vienenses, a bebida continua desempenhando seu papel na cultura europeia, equilibrando tradição, modernidade e inovação.
Além de sua popularidade, o expresso influenciou o surgimento de diversas variações, como o cappuccino, o macchiato e o ristretto. O impacto do expresso ultrapassa fronteiras, estando presente em várias partes do mundo.
Texto feito por inteligência artificial e modificado por Robison Gomes.
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